Flor-bueiro
Na rua não cabia mais ninguém
Bueiro aberto desvendava flor nanica que crescia
O sol amolecia sua seiva
Ela porém resistia
A chuva era o bálsamo
Maná salvador
E a flor apontando para o céu
Progredia
À noite, silenciosa, transgredia de sua condição vegetal
Abria-se exposta
Pétalas rosáceas à mostra
Posição nada imoral
Insetos e vaga-lumes pousavam nas bordas macias
Injetando naquele lugar
Ferrões em brasa
A lua deposta
Flor-bueiro recomposta
O sol ao incidir sobre ela murchava suas pétalas
Não cabia mais ninguém no tal buraco
Era só ela!
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